Em Mesão Frio, os valores e ideais de abril voltaram a ser recordados, presencialmente e de forma aberta, com um conjunto de iniciativas, após dois anos marcados pelo contexto pandémico que impossibilitou a plena realização das cerimónias solenes alusivas ao 25 de abril de 1974.
Na sessão solene evocativa do Dia da Liberdade, que decorreu no Auditório Municipal, usaram da palavra todas as forças políticas eleitas: Paulo Silva, Presidente da Câmara Municipal de Mesão Frio, Marisa Carreira, representante da Assembleia Municipal e do Partido Socialista, Carlos Miranda, representante do Movimento Mais Mesão Frio e Carlos Amorim, representante da coligação PPD/PSD.CDS-PP.
O Presidente da Câmara Municipal de Mesão Frio agradeceu a presença de todos os intervenientes, lembrando os benefícios na conquista de um regime democrático, mas também, a responsabilidade que a sociedade civil tem em intervir, ao participar ativamente, com espírito crítico, solucionando e questionando, sempre com responsabilidade e liberdade, fazendo jus aos valores de abril: “Participar com ideias e soluções; criticar contribuindo; vigiar democraticamente! Estas, entre outras, são obrigações de todos nós! De quem tem a obrigação decretada pelas eleições de governar, da oposição que vigia institucionalmente e de todos os que compõem a sociedade que têm o dever e o direito de exigir soluções, adicionando ideias e participando com lealdade nos fóruns democráticos (…).” Leia aqui, o discurso na íntegra: https://www.cm-mesaofrio.pt/pages/586?news_id=1366
A representante da Assembleia Municipal e do Partido Socialista, Marisa Carreira, sublinhou a importância da deposição do regime ditatorial, sobretudo na conquista de direitos fundamentais da Mulher, igualdades de oportunidades e de género. Marisa Carreira referenciou ainda, os complexos desafios que as novas gerações enfrentam: “acredito que este dia deve servir para refletir sobre como podemos converter estes valores em práticas correntes na construção do nosso futuro, porque a atitude de cada um faz a diferença.”
Por seu turno, o representante do Movimento Mais Mesão Frio, Carlos Miranda, recordou como viveu o dia que pôs fim à ditadura e referiu-se à relutância inconformada de alguns populares na destituição do regime de Salazar: “Para quem tiver memória e sentido de responsabilidade, a mera comparação [com o regime ditatorial] é um exercício desrespeitoso e ultrajante do Estado de direito que fomos capazes de construir”, disse, sublinhando que o peso da inação será cobrado mais tarde e que o populismo que alguns cidadãos defendem, rapidamente os arrastará para o precipício. Carlos Miranda procurou sensibilizar para a questão da liberdade enquanto “valor maior da sociedade, que deve ser preservado, mas que exige esforço e cuidados permanentes”, lembrou a importância da União Europeia e prestou homenagem ao mesão-friense, Arlindo Dias Ferreira, que teve particular ação no 25 de abril.
Para o representante da coligação PPD/PSD.CDS-PP, Carlos Amorim “o 25 de abril conseguiu unir o País, muito mais do que se pensava”, disse, mencionando os benefícios do Estado de direito social conquistados e a cultura de direitos fundamentais. No entanto, apontou as lacunas existentes, entre elas, designadamente, a Justiça e o desenvolvimento harmonioso. “Conquistámos a materialidade dos direitos fundamentais. Somos uma democracia estável, pacífica, respeitada e o regime da liberdade é assumido por todas as gerações. (..) O País, os cidadãos e a qualidade da democracia só tiveram a ganhar com o poder local democrático”.
Para explicar de que forma o 25 de abril chegou às várias zonas do País, particularmente ao Douro e a Mesão Frio, a especialista em História Contemporânea, da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, Conceição Meireles Pereira, realizou uma abordagem histórica, levando a audiência a reviver os momentos que sucederam o momento da queda do regime ditatorial, com o seu trabalho de investigação intitulado: «A chegada da Revolução de 1974 às Portas do Douro».
No dia de feriado nacional, foi hasteada a bandeira nacional, no edifício dos Paços do Concelho, com a guarda de honra da Associação Humanitária de Bombeiros Voluntários de Mesão Frio, momento que sucedeu ao concerto «Autores de Abril», realizado no dia 23 de abril e que inaugurou o programa comemorativo.
Seguiu-se a tradicional romagem ao memorial dedicado aos combatentes, para a deposição de uma coroa de flores no local, pelo Executivo Municipal que honrou, de forma singela, mas muito sentida, todos os militares que estiveram ao serviço da Pátria.
O momento solene contou ainda, com a projeção de um vídeo elaborado pelo Gabinete de Comunicação e Imagem da Câmara Municipal, que exibiu alguns testemunhos de membros da sociedade civil, desde crianças a adultos, sobre a data histórica em que Portugal conquistou a liberdade.
O programa comemorativo culminou com uma visita à Biblioteca Municipal de Mesão Frio, para visitar a exposição sobre o 25 abril, composta por jornais e imagens da época e que está patente até ao final do mês de maio.