







A Tertúlia dedicada ao tema «Liberdade» serviu de mote para o arranque do programa comemorativo oficial do 25 de abril, em Mesão Frio, que este ano se estende por três dias. No serão de 21 de abril, a Biblioteca Municipal levou a cabo mais uma edição de 'Tertúlias na Biblioteca'. A tertúlia literária deste mês contou com a presença de João Luís Sequeira, Diretor do Espaço Miguel Torga, para além dos habituais dinamizadores: o escritor Manuel Igreja e a Tertúlia João de Araújo Correia, desta vez representada por Ana Luísa Almeida.
O momento inaugural das comemorações da Revolução dos Cravos levou o público a retroceder no tempo, até à época do Estado Novo e da Revolução, e em ambiente simples e acolhedor, incentivou à partilha de histórias do 25 de Abril, mas também de outras lutas e de outras liberdades do povo.
João Luís Sequeira partilhou com o público a sua obra «A quem encontrar este livro…», diário escrito por João Pina de Morais entre 1917 e 1918, aquando da sua presença como jovem oficial do Corpo Expedicionário Português na I Guerra Mundial, estabelecendo um paralelismo sobre a liberdade e a falta dela. Falou acerca de João Pina de Morais, bem como de Graça Pina de Morais, escritores que habitaram na Casa das Quintãs, onde viveu o consagrado escritor Domingos Monteiro.
O Diretor do Espaço Miguel Torga leu o poema «Sátira», da Antologia Poética de Miguel Torga e conversou sobre a ligação do poeta e escritor ao Douro e a Trás-os-Montes, bem como sobre a sua conceção de liberdade, que era “muito mais profunda e mais vasta.” Torga, que durante décadas foi uma das grandes referências contra o regime de Salazar, lutou pela liberdade e expressou-a nas suas obras literárias.
Manuel Igreja, escritor, Licenciado em História e um dos dinamizadores das ‘Tertúlias na Biblioteca’, abordou os conceitos de Liberdade e Cidadania, recordando que é importante lembrar os mais jovens que “a liberdade tem de ser conquistada por cada um de nós. Não se trata de um dado adquirido.”
Manuel Igreja, que falou sobre as questões sociais e as injustiças cometidas pelo poder do Estado Novo, levou o público a intervir, numa conversa informal, sobre o contexto social que se viveu na época.
Por sua vez, Ana Luísa Almeida, em representação da Tertúlia João de Araújo Correia, referiu que o escritor escreveu alguns contos e crónicas sobre o direito de propriedade, em que descreve situações de proprietários que se viram obrigados a deixar as suas casas devido a expropriações e leu o conto de João de Araújo Correia, «Paródia à liberdade», que se encontra na obra «Montes Pintados».
Foi um serão que fez o público regressar ao passado e recordar alguns dos momentos vivenciados durante e após a deposição do regime ditatorial. Como já é habitual, o encontro cultural foi acompanhado pelo biscoito de Vila Marim e pelos vinhos da Quinta da Barca e da Adega Cooperativa de Mesão Frio, sempre rodeados pelos livros da sala de leitura da Biblioteca Municipal.