Hoje, dia 2 de julho, os mesãofrienses juntaram-se às centenas de viticultores da região, junto à Casa do Douro, em Peso da Régua, onde protestaram contra a alteração estatutária proposta pelo Governo, que extingue o atual estatuto de associação pública e de inscrição obrigatória e cria uma associação de direito privado. "Com esta proposta, o Governo prepara-se para extinguir a Casa do Douro", diz Berta Santos, dirigente da Associação dos Vitivinicultores Independentes do Douro (Avidouro), que promoveu a manifestação. Os viticultores reivindicaram mais competências para o organismo que dizem ser o defensor dos pequenos e médios produtores da Região Demarcada. O protesto juntou alguns veículos agrícolas, automóveis, carrinhas e viticultores que desfilaram até à sede da Casa do Douro, para "dizer não" à "privatização" da organização representativa da lavoura duriense, criada em 1932. Alguns funcionários da Casa do Douro que têm vários meses de salários em atraso também manifestaram o seu desagrado. Nos cartazes segurados pelos manifestantes podiam ler-se frases como "O Governo e as exportadoras estão a matar a Casa do Douro", "Não ao roubo do nosso património" ou a "A Casa do Douro é nossa". O presidente da Câmara Municipal de Mesão Frio, Alberto Pereira, que também participou no protesto, salientou que é obrigação dos autarcas estar presentes na manifestação "ao lado dos agricultores" e referiu que a instituição duriense "tem que ter saúde e estar bem organizada" para desempenhar o papel de defesa da agricultura e da viticultura. O plano governamental para resolver o problema da dívida de 160 milhões de euros da Casa do Douro inclui ainda um acordo de dação em cumprimento, através do qual o Estado aceita o pagamento da dívida de 160 milhões de euros com a entrega de vinho por parte da organização. Este acordo já foi rejeitado pela direção da Casa do Douro. Os lavradores reclamam ainda melhores preços para os vinhos e o aumento do benefício, quantidade de mosto que cada viticultor pode destinar à produção de vinho do Porto. A alteração legislativa proposta pelo Governo para a Casa do Douro vai ser votada a 10 de julho na Assembleia da República e os viticultores garantem que vão, de novo, marcar presença em Lisboa para defender a Casa do Douro.