A Casa das Quintãs, em Mesão Frio, antiga propriedade e residência do falecido escritor mesãofriense, Domingos Monteiro e dos escritores João Pina de Morais e Graça Pina de Morais, foi inaugurada no passado dia 5 de outubro como Casa-Museu. A requalificação do edifício resultou do projeto «Escritores a Norte», da Direção Regional de Cultura do Norte (DRCN), no âmbito da rede regional de casas-museu, que visa promover a obra dos escritores que lá viveram e proporcionar a visita e o contacto do público com a casa. A casa das Quintãs encontra-se agora aberta ao público, unicamente nos dias em que ocorrerem eventos, a serem divulgados oportunamente. Através de uma candidatura apresentada ao QREN (Quadro de Referência Estratégica Nacional), as obras de requalificação da residência do escritor mesãofriense, que demoraram cerca de dois anos a serem concluídas, foram financiadas em 70% por fundos comunitários, num total de 500 mil euros de investimento. Na intervenção realizada foram conservadas as divisões da casa na sua forma e decoração originais e espaços convertidos em expositivos sobre a vida e obra do autor Domingos Monteiro, com materiais e documentos originais. Agora, o objetivo da família de Domingos Monteiro é partilhar o espólio do escritor de forma pública. Na cerimónia de inauguração, que decorreu durante a tarde de domingo, marcaram presença os familiares dos escritores que residiram na casa, os representantes das entidades e instituições concelhias, o presidente da Câmara Municipal de Mesão Frio, Alberto Pereira e João Luís Sequeira, Chefe de Divisão de Promoção e Dinamização Cultural da DRCN. A casa onde Domingos Monteiro viveu e a imensa área envolvente, são o espelho de uma época e de um estilo de vida, que conservam um ambiente do extremado gosto do escritor e do paisagismo de uma época, onde em cada pormenor deixou expressos os seus gostos e as suas predileções. Os jardins fantasiosos da propriedade seguem um requinte de jardim romântico, uma ponte sobre lagos, uma gruta e várias espécies de árvores e plantas. Domingos Monteiro também ele um apaixonado por caça, vivia num dos locais com a paisagem mais avassaladora sobre o Douro, a qual pode ser apreciada através das vinhas da propriedade ou simplesmente, através do Quarto da Mão Fechada, uma inspiração em que se baseou para o seu Conto com o mesmo nome. Domingos Monteiro, natural de Mesão Frio, nasceu em Barqueiros, a seis de Novembro de 1903. Advogado, escritor, jornalista e editor, afirmou-se por uma constante busca de um destino, onde os seus ideais de liberdade se transformam, por vezes, em sonhos singulares. A obra escrita de Domingos Monteiro, em horas de isolamento e de evasão, revela, inevitavelmente, a personalidade de um grande conversador, abordando essencialmente, todas as dimensões de ser homem, na sociedade, na natureza, no tempo, no mistério de existir e no amor. Viria a falecer a 17 de Agosto de 1980, com 77 anos de idade.