Foi com grande emoção que a Santa Casa da Misericórdia de Mesão Frio assinalou os seus 455 anos de existência, no passado dia 27 de junho, com diversas cerimónias protocolares que decorreram durante o período da tarde e que culminaram com um jantar de gala. As comemorações foram dedicadas ao nobre papel social que esta instituição tem desempenhado no concelho ao longo de quase cinco séculos e, sobretudo, às personalidades ligadas à sua história. Desde a sua origem enquanto instituição religiosa e de assistência, que a Santa Casa da Misericórdia de Mesão Frio atraiu até si a elite do concelho, criou um hospital e não mais parou de crescer. O seu constante progresso faz com que hoje, desenvolva uma série de valências, destinadas, sobretudo às crianças, aos jovens e idosos. Considerando o seu legado histórico e patrimonial, que fazem desta instituição uma das mais importantes na vida pública dos mesãofrienses, a Santa Casa da Misericórdia de Mesão Frio, preparou cuidadosamente um programa para celebrar esta data de tão elevada importância. Pelas 14h30, procedeu-se ao hastear da bandeira da Santa Casa da Misericórdia, com a Guarda de Honra da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Mesão Frio, na frontaria do Lar Padre Manuel António Leite. Já dentro das instalações do lar, sucedeu-se ao descerramento do Memorial do Provedor, onde constam os nomes dos cento e dez homens que foram provedores e que se dedicaram à nobre causa desta Instituição Particular de Solidariedade Social (IPSS) durante todos estes 455 anos. Alberto Pereira, atual Provedor da Santa Casa da Misericórdia de Mesão Frio, juntamente com os três trisnetos de Francisco de Sampaio Moreira (o mais importante benemérito da Misericórdia de Mesão Frio nos últimos 200 anos, dedicado a partilhar as sobras da sua mesa farta com os mais desfavorecidos), procederam ao descerramento do memorial. De referir que os trisnetos de Sampaio Moreira atravessaram o Atlântico, desde o Brasil a Mesão Frio, para presenciarem esta merecida homenagem. Joaquim Portela, o único ex-provedor em vida e a quem foi prestada a sua reconhecida homenagem, não pode estar presente nas festividades por motivos de saúde, a quem foram deixados desejos de rápidas melhoras. Pelas 15 horas, na igreja de Santa Cristina, o Padre Luís Marçal celebrou a missa solene em sufrágio de todos os Irmãos e Benfeitores já falecidos, da Misericórdia de Mesão Frio. À cerimónia compareceram os elementos da Mesa Administrativa, o Provedor, os funcionários da IPSS, entre outros convidados. Destaque para a brilhante homilia por parte do pároco, apelando à prática das catorze obras de misericórdia. No final, houve um Porto de Honra na sede da Junta de freguesia de Mesão Frio Santo André. Pouco depois, no auditório municipal, foi apresentada a grande obra literária dedicada à história da Santa Casa da Misericórdia de Mesão Frio - «A Misericórdia de Mesão Frio - Perfil de uma história documentada 1560-2014». A obra de Bernardino Vieira de Oliveira, dividida em dois volumes, é composta por 830 páginas que resumem e honram a longa história desta instituição. Na cerimónia de apresentação do livro, o Provedor Alberto Pereira referiu assistir “com redobrado gosto” ao lançamento desta obra: “Dada a relevância desta tão nobre instituição e correndo o risco de muito ficar por dizer e escrever, tornou-se evidente a necessidade de se desenvolver um projeto que desse a conhecer as origens desta instituição, a sua ação assistencial e hospitalar, no passado e no presente. Na passagem dos 455 anos, a atual direção considerou ser este o momento oportuno para assinalar a importante data com a publicação de um livro sobre a história da Misericórdia.” Alberto Pereira mencionou também que é objetivo desta obra “prestar uma sentida e singela homenagem a todos aqueles que contribuíram com o seu esforço para o engrandecimento e prestígio da Santa Casa da Misericórdia de Mesão Frio.” Quem também usou da palavra foi o presidente da Assembleia Municipal, Carlos Miranda, na qualidade de apresentador do livro, tendo escrito um breve introito nesta obra de dois volumes. Na sua intervenção, deu os parabéns à Santa Casa da Misericórdia de Mesão Frio pela data comemorativa e a todos aqueles que fizeram desta a ilustre instituição que é hoje. Relativamente à sua colaboração no livro afirmou que o convite partiu do seu autor, Bernardino Vieira de Oliveira: “A proposta vinda diretamente do escritor, apresentada como um pedido irrecusável, demonstra por si só, a humildade e generosidade do proponente, uma oferta e uma consideração.” Sobre a obra, Carlos Miranda declarou: “Recordá-la-ei até ao fim dos meus dias, falarei dela aos meus vindouros. Bernardino de Oliveira é o exemplo de tenacidade, perseverança e audácia e revela em toda a sua obra um rigor inexcedível.” Ainda na apresentação da mais recente obra da Misericórdia, o seu autor Bernardino Vieira de Oliveira disse que, “a memória escrita de qualquer instituição secular foi sempre muito mais de gente já desaparecida, do que daqueles que ainda hoje vivem. Quando o atual provedor me convidou para escrever a história da Santa Casa de Mesão Frio, confesso não ter sido totalmente honesto, porque perante o caudal imenso de informação documentada que se encontra no arquivo desta instituição, eu deveria ter recusado, isto porque eu precisava de vinte anos para escrever vinte volumes sobre a história da Misericórdia de Mesão Frio. Mas acabei por aceitar o honroso convite, com muito orgulho e alguma vaidade em ser eu o autor desta obra.“ Pelas 20 horas, no pavilhão multiusos municipal, decorreu o grande jantar de gala e de homenagem às personalidades ligadas à história da instituição, onde compareceram o Provedor da Santa Casa da Misericórdia de Mesão Frio, Alberto Pereira, o secretário de Estado da Solidariedade e da Segurança Social, Agostinho Branquinho, o diretor do Centro Distrital da Segurança Social de Vila Real, José Rebelo, o presidente da Assembleia Municipal, Carlos Miranda, o vice-presidente da Câmara Municipal de Mesão Frio, Paulo Silva, entre muitos outros ilustres convidados. No final do jantar, aconteceu a grande cerimónia de homenagem com a entrega de diplomas de provedor honorário a descendentes de antigos provedores da Mesa Administrativa, aos funcionários com mais tempo de serviço e a alguns beneméritos desta instituição. Terminadas as reconhecidas homenagens, usaram da palavra Luís Alves, presidente da Assembleia Geral da Irmandade, o Provedor, Alberto Pereira, e Agostinho Branquinho, Secretário de Estado da Solidariedade e da Segurança Social. Luís Alves, presidente da Assembleia Geral da Irmandade da Santa Casa da Misericórdia de Mesão Frio, dirigiu-se a todos os presentes, demonstrando o seu contentamento: “Sentimos uma enorme satisfação e um grande orgulho por fazer parte desta instituição que há vários séculos está na primeira linha do apoio aos mais necessitados. É importante homenagear todos os responsáveis pela continuidade desta obra que, neste concelho, se mantém viva e cada vez mais forte, cumprindo a sua missão original.” O presidente da Assembleia Geral lembrou ainda que nem tudo tem sido simples na história de vida desta Misericórdia: “Não podemos esquecer que muitas são as dificuldades que esta irmandade tem sentido, na realização de alguns projetos de alargamento e de melhoria das suas valências. Acreditamos, ainda assim, que iremos conseguir ultrapassar estes constrangimentos. Luís Alves terminou o seu discurso, destacando o trabalho e dedicação de todos aqueles que fizeram parte dos órgãos sociais da Santa Casa da Misericórdia de Mesão Frio e, em especial, daqueles que atualmente dirigem tão “nobre” instituição: “Temos a convicção de que o trabalho realizado só foi possível contando com a colaboração de todos aqueles que sentem que pertencer a esta instituição é um privilégio, mas também uma grande responsabilidade. Disso são exemplo os funcionários homenageados pela sua dedicação e pelo seu trabalho.” O Provedor da Santa Casa da Misericórdia de Mesão Frio lembrou que um dos pilares que sustentou a administração desta Misericórdia durante toda a sua existência “foram os inumeráveis legados pios de pequenos e grandes feitores. No que respeita à presença do Secretário de Estado da Solidariedade e da Segurança Social nesta cerimónia, Alberto Pereira lembrou que “é sempre muito gratificante poder contar com a presença de um membro do Governo, para que nos possa escutar e levar para Lisboa, algumas das nossas preocupações e também confirmar, ‘in loco’, o que se vai fazendo, em termos sociais, pela gente de Mesão Frio”, disse, dirigindo o seu agradecimento a Agostinho Branquinho. O Provedor afirmou ainda que este data “é muito importante para o concelho, porque fez-se história e ficará registado na memória de todos nós. Mercê das várias gerências levadas a cabo, com experiência e prudência, ao longo dos anos, a instituição alcançou, com confiança a sua sustentabilidade, consolidada de uma prática na assistência social integralmente justa, integrada na comunidade em que se insere. A Santa Casa da Misericórdia de Mesão Frio, nos 455 anos de história que hoje, muito justamente aqui se comemora, é o fruto e testemunho desse sentimento bondoso que se chama misericórdia e que tanto dignifica as gentes que a praticaram. Em nome de todos os mesãofrienses, gostaria de agradecer profundamente aos 109 provedores que me antecederam e a todos os elementos que os acompanharam nos órgãos sociais, pois permitiram que esta instituição sobrevivesse ao longo do tempo, prestando um trabalho importantíssimo à comunidade.” O Secretário de Estado da Solidariedade e da Segurança Social, agradeceu o convite endereçado pela Santa Casa da Misericórdia de Mesão Frio e saudou todos os presentes “como devem imaginar, não é fácil fazer a história de uma instituição com 455 anos. Atravessou vários regimes, teve o domínio estrangeiro poucos anos depois de ser fundada, passou por uma mudança brutal no início do século vinte, com muitas revoluções e muitos tumultos. Portanto, só uma instituição que tem valores muito importantes no coração das pessoas que a integraram e integram, consegue viver estes anos todos. Há poucas instituições no mundo que conseguem ter 455 anos. Só alguém que soube alicerçar bem os seus valores e a sua missão é que consegue durar 455 anos.” Agostinho Braquinho terminou fazendo menção ao trabalho “notável” da Santa Casa da Misericórdia de Mesão Frio e recebeu uma singela lembrança pelo presidente da Câmara Municipal, Alberto Pereira. A gala foi apresentada por Beatriz Coutinho e Marco Ferro. A animação ficou a cargo de José Freitas, um dos finalistas do programa da SIC, «Fator X». A Santa Casa da Misericórdia de Mesão Frio teve a sua origem em 1560, tendo sido seus fundadores, André da Fonseca e Verónica Mesquita. Esta IPSS do concelho de Mesão Frio tem desempenhado uma função social digna de realce, sendo detentora de um enorme património histórico do concelho de Mesão Frio. É mérito desta instituição acolher e servir atualmente perto de 400 utentes.